Há 28 anos, um momento histórico marcou o mundo da tecnologia e da inteligência artificial: um supercomputador venceu o maior génio do xadrez.
O cenário parecia retirado de um filme: Garry Kasparov, campeão mundial e considerado por muitos o melhor jogador de sempre, enfrentava o Deep Blue, um supercomputador criado pela IBM. Ao fim de seis jogos intensos, a máquina venceu. Pela primeira vez, um computador derrotava um campeão mundial de xadrez.
O que fez o Deep Blue tão especial?
Deep Blue não “aprendia” como os sistemas modernos. Ele foi programado para jogar xadrez de forma quase cirúrgica, analisando 200 milhões de jogadas por segundo. Era força bruta computacional, e resultou.
Mas o verdadeiro impacto deste evento foi muito para além do tabuleiro. O duelo entre Kasparov e Deep Blue mostrou ao mundo que a Inteligência Artificial podia competir (e vencer) em áreas que antes pareciam exclusivamente humanas.
Desde então, a evolução foi tremenda. Hoje, sistemas como o AlphaZero ou o ChatGPT não precisam de ser programados jogada a jogada: aprendem com a experiência. AlphaZero, por exemplo, aprendeu a jogar xadrez, Go e Shogi sozinho… e tornou-se melhor que qualquer outro sistema anterior.
O co-criador do Deep Blue, Murray Campbell, explica que o avanço da IA nas últimas décadas se deve à explosão do machine learning e, mais recentemente, ao deep learning. Estes métodos permitiram criar sistemas mais flexíveis, que não se limitam a tarefas isoladas.
Curiosamente, o próprio Kasparov, que em 1997 se mostrou frustrado com a derrota, é hoje um defensor da colaboração entre humanos e máquinas. Percebeu que juntos conseguimos mais.
E é exatamente aí que reside o verdadeiro poder da inteligência artificial: não substituir-nos, mas ampliar o que somos capazes de fazer.